Ouvi: "...gay para mim tudo bem, o que não suporto são os machistas e as feministas..."
Realmente aguentar pregações sobre o mundo dos machos e histórias que lembram as mulheres queimando sutiãs em praça pública, é, no mínimo, bizarro. Vamos falar a verdade, não é que o mundo está virado, como se ouve por ai, o mundo é instinto e sendo assim, não há como ficar no armário tanto tempo. Dia desses o gato, macho, bem macho, da minha amiga, morreu de AIDS, passou no Animal Planet o Rei da Selva, salve salve, trepando com um companheiro de partido. Ai vem um machista e diz: ahhhh, mas isso ai só acontece com os leões da savana, por que aqui no sul é diferente.
Minha gente, dar e receber amor com qualidade é o que importa, mesmo por que tornou-se artigo de luxo. Li uma repostagem na Marie Claire deste mês de um cara hétero contando que transou com outro cara e gostou, continua hétero e daí? É como se experimentasse um baseado, gostasse, mas continuasse careta.
A mulherada fica mais na miúda! Difícil sair do armário pq na maioria das vezes escolhe a bissexualidade, a mulherada é mais esperta ;)
Enfim, depois de ouvir o que ouvi, explanei um pouco sobre o meu conceito das variações do mesmo tema na área gay. Acredito que haja pelo menos cinco versões.
1. O Homossexual - aquele sujeito discreto, fino, de bom gosto e que transita por lugares bacanas e conversa com pessoas interessantes. Vc sempre fica na dúvida se é ou não é; 2. O Gay - uma versão mais atualizada do homessexual, menos discreto, mais ousado e bem moderno; 3. O Bicha - abana!!! totalmente desbocado, A-D-O-R-A causar frisson, chegar chegando, fala alto, seu vocabulário é engraçadíssimo. É como se fosse o divulgador do mundo gay; 4. O Travesti - nasceu para ser mulher, pensa como mulher, sente como mulher, do tipo: este corpo não me pertence. Também é muito difícil de se misturar; 5. A Drag Queen - como o lobisomem, de dia é uma coisa e a noite é outra. Quase que uma farra de carnaval é uma mistura de gay com Carmem Miranda, geralmente uns amores. Digamos que seja a veia artística do mundo gay.
Com todo este estilo é difícil não se encantar. Brincadeiras a parte, mesmo por que sou gay de coração, aqui vai Kundera.
"Suspender o julgamento moral não é a imoralidade do romance, é a sua moral. A moral que se opõe à irremovível prática humana de julgar imediatamente, sem parar, a todos, de julgar antecipadamente e sem compreeender. Esta fervorosa disponibilidade para julgar é, do ponto de vista da sabedoria do romance, a asneira mais detestável, o mal mais pernicioso (...). A criação do campo imaginário em que o julgamento moral fica suspenso foi uma proeza de imenso valor: somente aí podem desabrochar os personagens romanescos, ou seja, os indivíduos concebidos não em função de uma verdade preexistente, como exemplos do bem e do mal, ou como representações de leis objetivas que se confrontam, mas como seres autônomos fundamentados em sua própria moral, em suas próprias leis".
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