A primeira vez que ouvi uma citação à Fernando Pessoa, saiu da boca do meu tio Cacá, arquiteto, liberto, fantástico e que infelizmente partiu aos 36 anos, num mundo ignorantemente aidético.
"Tudo vale a pena enquanto a alma não for pequena"
Despertei-me à Pessoa no alto dos meus 13 anos e foi ai que descobri suas inúmeras facetas e me apaixonei. Já na faculdade li "O Eu Profundo e os Outros Eus", a poesia viciante fez com que andasse, e veja...não era para fazer "tipo", com o Fernando embaixo do braço.
Um dos poemas prediletos e talvez por me trazer a sensação da dedicação amorosa, uma certa comtemplação a um sentimento maior, por me fazer sentir as mesmas borboletas no estômago quando encontrei o amor, que não pede nada em troca, que não faz juras de eternidade, que não espera que o outro incorpore o seu jeito, que vive de e não para, coisa de Pessoa mesmo.
Análise
Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo
12-1911
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