Quem não gosta de falar, analisar, sentir e discutir sobre relacionamento, seja ele de amor, de casal, de triângulos, de sexos opostos, semelhante ou iguais, de amantes, de famíla, de trabalho, de comunidade, enfim, seja ele do que for, levante a mão. Todo mundo adora dar palpite no relacionamento alheio, mesmo que o próprio seja um desastre, há alqueles que vão de receita pronta, e alguns chegam a chorar quando, no meio da conversa, relembra o namorico da oitava série, por último resta os que se divertem. A idéia aqui é fazer e falar de tudo isso, sem pudor ou enganação.
Enjoy it!!!!

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Pedidos de Namoro, Noivado, Casamento...


É namoro ou amizade? Rolo, cacho, ensaio de amor, romance ou pura clandestinidade? “Qual é a sua, meu rapaz?!”, indaga a nobre gazela. E o homem do tempo nem chove nem molha. Só no mormaço, só na leseira das nuvens esparsas. No tempo do amor líquido, para lembrar o título do ótimo livro do filósofo contemporâneo Zygmunt Bauman sobre a fragilidade dos encontros amorosos de hoje em dia, é difícil saber quando é namoro ou apenas um lero-lero, vida noves fora zero...

Cada vez mais raro o pedido formal de enlace, aquele velho clássico, o cara nervoso, se tremendo como vara verde:“Você me aceita em namoro?” Talvez nem exista mais.
O amor e as suas mudanças. A maioria dos homens, além de não pedir em namoro, além de não pegar no tranco, ainda corre em desespero diante de uma sugestão ou proposta de casamento feitas pela moça.
O capítulo bom é que agora as mulheres também partem para o ataque e, diante de temerosos sujeitos, escancaram seus desejos e fazem suas apostas, seus pedidos, põem na mesa as cartas de intenções.

Era bem bacana esse suspense masculino do “você quer namorar comigo?” Havia sempre o medo do fora. Um sim, mesmo o mais previsível, era uma festa. “Quer namorar comigo?”
No tempo do “ficar”, quase nada fica, nem o amor daquela rima antiga. Alguns sinais, porém, continuam valendo e dizem muito. O ato das mãozinhas dadas no cinema, por exemplo, ainda é o maior dos indícios.

Mais do que um buquê de flores, mais do que uma carta ou um e-mail de intenções, mais do que uma cantada nervosa, mais do que o restaurante japonês, mais do que um amasso no carro, mais do que um beijo com jeito, daqueles que tiram o gloss e a força dos membros inferiores. “Vamos pegar uma tela, amor?”, como se dizia não muito antigamente. Eis a senha. Mais até do que um jantar à luz de velas, que pode guardar apenas um desejo de sexo dos dons Juans que jogam o jogo marketeiro. O cinema, além da maior diversão, como diziam os cartazes de Severiano Ribeiro, é a maior bandeira. Nada mais simbólico e romântico. Os dedos dos dois se encontrando no fundo do saco das últimas pipocas... Não carecem uma só palavra, ainda não têm assuntos de sobra.
Salve o silêncio no cinema, que evita revelações e precoces besteiras. Ah, os silêncios iniciais, que acabam voltando, mas voltando sem graça, surdo e mudo, eterno retorno de Jedi. Nada mais os unia do que o silêncio, escreveu mais ou menos assim, com mais talento, Murilo Mendes, poeta dos melhores.Palavras, palavras, palavras...Silêncio, silêncio, silêncio...Dessas duas argamassas fatais o amor é feito e o amor é desfeito. Simples como sístole e diástole de um coração que ainda bate.
Xico Sá é autor de Divina Comédia da Fama - purgatório, paraíso e inferno de quem sonha ser uma celebridade (Editora Objetiiva)

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