É namoro ou amizade? Rolo, cacho, ensaio de amor, romance ou pura clandestinidade? “Qual é a sua, meu rapaz?!”, indaga a nobre gazela. E o homem do tempo nem chove nem molha. Só no mormaço, só na leseira das nuvens esparsas. No tempo do amor líquido, para lembrar o título do ótimo livro do filósofo contemporâneo Zygmunt Bauman sobre a fragilidade dos encontros amorosos de hoje em dia, é difícil saber quando é namoro ou apenas um lero-lero, vida noves fora zero...
Cada vez mais raro o pedido formal de enlace, aquele velho clássico, o cara nervoso, se tremendo como vara verde:“Você me aceita em namoro?” Talvez nem exista mais.
O amor e as suas mudanças. A maioria dos homens, além de não pedir em namoro, além de não pegar no tranco, ainda corre em desespero diante de uma sugestão ou proposta de casamento feitas pela moça.
O capítulo bom é que agora as mulheres também partem para o ataque e, diante de temerosos sujeitos, escancaram seus desejos e fazem suas apostas, seus pedidos, põem na mesa as cartas de intenções.
O amor e as suas mudanças. A maioria dos homens, além de não pedir em namoro, além de não pegar no tranco, ainda corre em desespero diante de uma sugestão ou proposta de casamento feitas pela moça.
O capítulo bom é que agora as mulheres também partem para o ataque e, diante de temerosos sujeitos, escancaram seus desejos e fazem suas apostas, seus pedidos, põem na mesa as cartas de intenções.
Era bem bacana esse suspense masculino do “você quer namorar comigo?” Havia sempre o medo do fora. Um sim, mesmo o mais previsível, era uma festa. “Quer namorar comigo?”
No tempo do “ficar”, quase nada fica, nem o amor daquela rima antiga. Alguns sinais, porém, continuam valendo e dizem muito. O ato das mãozinhas dadas no cinema, por exemplo, ainda é o maior dos indícios.
Mais do que um buquê de flores, mais do que uma carta ou um e-mail de intenções, mais do que uma cantada nervosa, mais do que o restaurante japonês, mais do que um amasso no carro, mais do que um beijo com jeito, daqueles que tiram o gloss e a força dos membros inferiores. “Vamos pegar uma tela, amor?”, como se dizia não muito antigamente. Eis a senha. Mais até do que um jantar à luz de velas, que pode guardar apenas um desejo de sexo dos dons Juans que jogam o jogo marketeiro. O cinema, além da maior diversão, como diziam os cartazes de Severiano Ribeiro, é a maior bandeira. Nada mais simbólico e romântico. Os dedos dos dois se encontrando no fundo do saco das últimas pipocas... Não carecem uma só palavra, ainda não têm assuntos de sobra.
Salve o silêncio no cinema, que evita revelações e precoces besteiras. Ah, os silêncios iniciais, que acabam voltando, mas voltando sem graça, surdo e mudo, eterno retorno de Jedi. Nada mais os unia do que o silêncio, escreveu mais ou menos assim, com mais talento, Murilo Mendes, poeta dos melhores.Palavras, palavras, palavras...Silêncio, silêncio, silêncio...Dessas duas argamassas fatais o amor é feito e o amor é desfeito. Simples como sístole e diástole de um coração que ainda bate.
Xico Sá é autor de Divina Comédia da Fama - purgatório, paraíso e inferno de quem sonha ser uma celebridade (Editora Objetiiva)
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